/* CSS Document */ Hit the words: novembro 2006

Hit the words

30.11.06

Minha mãe insiste em comentar sobre necessidade, e confesso que é estranho sentir que as minhas necessidades têm sido um tanto quanto diferentes, talvez esse seja o caminho natural das coisas, o caminho que levam as malas e as pessoas a quererm construir suas próprias casas, tem algumas coisas que a minha vó contava que eu não esqueço e com certeza eram coisas mais complexas do que eu lembro... Meus avós tinham se mudado para São Paulo, onde meus tios e meu pai já moravam por que trabalhavam lá, e lembro da minha vó falando que não deu certo por que meu pai e meu vô não se entendiam, "ele vivia de um jeito que seu vô não entendia" e é engraçado me pegar nessa situação, minhas justificativas não passam nem perto da compreensão assim como as indagações, é como se falassemos línguas diferentes, são os tempos e sei que com os meus filhos serão a mesma coisa alguma hora, por mais esclarecido que eu seja, por mais atualizado que eu tente me manter, afinal pais são pais e filhos são filhos em qualquer lugar...

15.11.06

::O espelho da pequena Londres

Não me lembro ao certo quando o meu otimismo em relação a cidade se perdeu, e também não sei ao certo se ele existiu, as cidades grandes exercem um mal pertubador sobre o consumo de existência humana e isso se agrava quanto mais velho você é, São Paulo parece que não era tão grande assim quando eu morava lá e todas as opções eram tão distantes quanto a distância que eu estou de lá nesse momento, na verdade era meu tamanho que é reduzido, vim parar aqui por um acaso que era conhecido por mim há tempos, então nem sei se dá pra considerar acaso, a minha vida lá era uma verdadeira bagunça cheia de caminhos desconexos, na verdade é normal nada fazer sentido quando se tem 14 anos, eu tinha uma banda que tinha um baterista e um baixista fantasma, eu não sabia tocar direito mas eu achava divertido, eu me assustei e quase reprovei em geometria pelo 3º ano consecutivo, na verdade isso nem me importava mais, meu melhor amigo tinha repetido de novo e mudou de escola e de vida, pra ele vieram os cigarros, as garotas, goles de alcool e outras drogas que começavam a aparecer, eu me isolei e dramatizei tudo escrevi um roteiro novo, como um doente terminal que queria viver até a ultima gota, "eu vou embora mesmo" virou combústivel, e eu me iludia por que quando eu fosse fazer faculdade eu ia voltar pra lá, e tudo ia continuar da onde parou, naquela época 1 ano era muito tempo... Depois da reclusão inicial e da ficha cair eu quis buscar novos amigos, tentei estar em todos os lugares ao mesmo tempo, quis me enxer de tudo pra fingir que não iria me sentir vazio. Vim parar aqui e eu ainda era otimista e podia dizer pra todo mundo que eu vinha de uma cidade grande e que eu era foda por causa disso, na verdade isso me fazia tão cretino quanto qualquer um daqui ou de qualquer outro lugar que fosse, e que muitas vezes não importa da onde você vem, mas para onde você vai com o que você é, e as vezes nós ficamos batendo a cabeça querendo que os espaços se modifiquem com as nossa reclamações quando na verdade são os nossos olhos que tem que mudar a maneira de ver, é questão de sobrevivência, para o ser humano o melhor lugar sempre vai ser o próximo, talvez por isso não me afete muito o fato da cidade morrer aos poucos, fica pra mim as boas lembranças das coisas engraçadas e legais que eu vivi aqui, que venha Curitiba, Joinville, Florianópolis ou São Paulo de novo por que todo lugar é lugar independete da adaptação ou não, a maneira de intervir nele já o transforma e eu sei qeu cada lugar novo vai ter um cheiro novo, uma sensação nova, que vai me causar desconforto, insegurança, medo, mas que com o tempo vai se tornando a minha linha, onde eu me apego, tudo que é novo mesmo quando é desejado assusta... E eu sinto saudade é só da história do lugar, não do lugar como é hoje e nem da lembrança que eu tenho dele, eu sinto saudade é da imagem que eu tenho do lugar vazio pra mim, seja na esquina de uma cidade grande que me engole, ou nas ruas de uma cidade do interior agrícola, ou no estacionamento de um supermercado de uma cidade que me trás calma mas nenhuma esperança, ou no centro de uma cidade onde todos os dias parecem ser cinzas, longe ou perto, com meus pais ou não... E talvez me aperte mais por eu saber que tá quase na hora de eu sair de casa, é como se todo mundo soubesse disso sem saber, faz parte do processo e se você parar pra olhar se torna doloroso, mas ainda tem técnicamente dois anos pra isso, ter a minha casa, o meu próprio banheiro e o meu próprio nariz empinado pra reclamar que não morar com os pais é ruim mesmo sendo tudo o que eu quis, mas antes preciso aprender a não falir tanto e não entrar em colapso nervoso por coisa nenhuma que essas habilidades que eu desenvolvi não fazem nada bem pra mim e nem pra minha futura companheira de casa...

#Nirvana - Breed

6.11.06

E nada vai ser mais o mesmo depois de tudo, é difícil dizer quantas vezes eu já escrevi essa frase, mas verdade seja dita, ela só fez sentido uma vez até hoje, era um dia de chuva de tarde, num cinema, numa cidade a qual eu quis evitar, mas eis-me aqui e ela ali, eu sentia frio queria um abraço e passar por cima de todos os paradigmas que eu crio, de todas as tempestades que eu crio a partir de um grão de areia, eu queria provar pra mim mesmo que eu era capaz de fazer alguém feliz, e talvez arriscar tenha dado mais certo do que eu pensava, consegui ser feliz também. "Escuta, você vai pra casa? Eu e uns amigos meus vamos sair se você quiser ir eu arrumo uma carona pra você..." "Ah, tudo bem eu só tenho que ir no banco..." Aí vem a frase na cabeça (Plim!) "NADA VAI SER O MESMO DEPOIS DISSO" e é uma daquelas poucas vezes que se tem certeza na vida, e ainda hoje é uma das poucas certezas que eu tenho, profissionalmente falando me sinto um fracasso promissor, sei fazer milhares de coisas recebo elogios mas eu sei quando algo não está bom (e ela me confirma), e sei quando as pessoas deixam passar as coisas por algum motivo inexplicável, me sinto em um meio tão pequeno as vezes, eu queria ver como as coisas funcionam de verdade, sentir vontade de descobrir algo que eu não imagino como se faça, e ultimamente tenho mais guardado coisas em gavetas e jogado papéis amassados pelos cantos, as hoas parecem que passam tão rápido e os meus desejos mínimos de poder dar um presente sem data ou motivo ou talvez levar pra algum lugar longe onde não tenha mais pessoas e não tenha que depender de ônibus ou dos nossos próprios pés (não me vendi, só cresci...) são tão distantes, sei que ela não liga pra essas coisas mas ganhar sempre papéis deve cansar, queria poder dar uma perspectiva maior pra ela, não só o meu talento pra lavar louça ou implicar com ela, é estranho quando uma pessoa significa tantas coisas pra você e você quer ser tanto pra ela que uma hora se frustra por que fica cometendo erros bobos, quando na verdade você só tem que ser você, e ser eu é tão simples eu que insisto em complicar... O ato dela pagar as coisas pra mim não me incomoda, de verdade, o que me incomoda é não poder retribuir me sinto tão incapaz frente a isso, mas são as consequências das minhas escolhas. Era pra mim estar dormindo há 1 hora mais ou menos, tenho que resumir um artigo pra mandar pra um workshop pra bauru, minha bolsa não veio esse mês ainda, não sei se ela vem mais, entregaram o relatório parcial tão perto da entrega do relatório final que talvez acharam melhor cortar as bolsas, eu me interesso por essa pesquisa, mas não tanto assim, eu acho que eu gosto mais do fato de ir lá mecher com essas coisas de metodologia do "how to do" do que com o assunto dos materiais e essa coisa toda, eu não sei nada da tenacidade dos compósitos e sinceramente eu não quero saber e também não tenho muita vontade de criar um meio pra alguém descobrir, mas eu prometi pra mim mesmo que de agora em diante eu vou levar as coisas até o fim nem que o fim seja o meu, também não sou muito afim de desapontar as pessoas que me apoiaram nessa coisa, o Yuri (coordenador do projeto), a Nay, eu mesmo. Mas o ano acaba e logo vem as férias, queria voltar a ter uma banda (sim, eu tenho uma banda mas eu toco baixo nela, e são só covers), nessas horas dá uma pontinha de inveja do meu próprio passado, da época do out of reach, onde a gente tinha tempo onde eu fazia tudo, meu egocentrismo fode minha música, era tudo tão tosco mas era exatamente da forma como eu imaginava, e isso parecia que agradava as pessoas, pelo menos as que tocavam comigo, hoje eu tenho um projeto de banda com o pessoal da sala mas cada um pensa de um jeito um descompasso que não consigo imaginar uma forma de equalizar, Pearl jam com radiohead com beatles com esse lixo alternativo pop novo com coisas com sentido, não sei se tudo isso se interliga mas eu fiquei com a parte das palavras, não sou mais tão introspectivo assim pra gerar rimas, palavras ou coisas que não beirem alguma coisa concreta, minha guitarra precisa de uma reforma e eu olhando pros bolsos ignoro esse fato, mas nas férias nós vamos tentar nos reunir, e aí tem dois caminhos ou meu pessimismo se confirma ou eu me surpreendo, afinal quem teve a idéia de tudo fui eu... Meu pai me perguntou se eu tinha arrumado mais serviços pra fazer com a camera e senti um certo desapontamento dele quando eu disse qu não tinha nada em vista... Mais uma vez, eu acho que já é hora de aprender, mesmo que apareça algo com o qual eu possa ganhar 1.000.000,00 de dólares eu não vou me arriscar tanto assim, palavras... Eu acho que eu era uma pessoa um pouco melhor quando eu acreditava em letras de músicas em vez de horóscopos e novelas... Vou me esforçar pra ser melhor, por que ultimamente eu mesmo não estou me suportando.

E hoje em dia eu tenho sonhos que vão mais longe do que o calendário, e me sinto tão forte por eles...