::Com quantos acordes se faz um drama?
Não uso ternos e não tento levar a minha vida como se levava há 30 ou 40 anos atrás, não gosto dos chiados, não gosto dessas bandinhas que aparecem aos montes por aí, que usam roupas engraçadas, saídas de escritórios, cantando coisas sobre festas, com guitarras antigas e toda essa maquiagem, remoendo a todo instante coisas que um dia já foram, simplicidade talvez, minha banalidade musical se reduz aqui, meus ouvidos sangram ao ouvir mais uma vez "i bet you look good on the dance floor..." ou qualquer coisa que tenha um pseudo rótulo pseudo alternativo, eu de todas as formas absorvi muito de tudo que estava surgindo, aceitando o paradoxo e confesso que estou farto.
Não lembro quando ouvi uma guitarra distorcida pela primeira vez, eu gostava bem mais de todo aquele barulho e aquele calor californiano, do peso de guitarras e gritos do que convencionaram chamar de hard core ou da calma dos violões das rodas de amigos, na cidade que eu moro isso parece que morreu há tanto tempo. Na verdade essa cidade parece um cemitério as vezes, e por onde andamos só vemos coisas que morreram há tanto tempo. Mas o que o tempo mata o homem não ressucita, nós criamos coisas novas partindo do ponto de onde outras pessoas pararam, o conceito de humanidade precede esse pensamento, assim como algum dia alguém sentiu saudade do rock sem distorção, de pessoas vestidas com roupas de lantejoula e estampas psicodélicas xingou a mim e a todos com nossos tênis de skate, nossas calças jeans largas, nossas distorções e nossos berros e tudo de sujo e belo que surgiu, no fim dos anos 80 e no início dos anos 90.
Tudo bem que essa visão reduzida e tendenciosa de um quase ex-adolescente cansado de ver um monte de etiquetas sendo coladas nas músicas, ainda existe coisa boa no meio desse monte de lixo que tá saindo mas tem que revirar, e muito...
#Yellow Woodpicker - So Blind

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